terça-feira, 12 de outubro de 2010

Osso duro de roer




Antes havia tanto gosto pela escrita. Havia gozo, desabafo, intensidade, presentificação no simples gesto de traduzir em palavras o que eu também não entendo. Costumava dizer que escrever era a minha terapia, era na folha em branco que eu massacrava meus bichos (ou dava voz a eles).

Acho essas esquisitices de "exorcizar meus bichos" uma coisa muito necessária para a humanidade. Vejam como Tropa de Elite 2 é o reflexo óbvio disso que estou tentando anunciar! Capitão Nascimento afasta esposa e filho e tem como rival ideológico o marido da sua ex-esposa, que é o ídolo do seu filho. Quer mais? Ganha uma promoção que mais parece uma punição.

E daí? O que é que um cara desses faz? Ele poderia abrir mão do caráter e ceder ao sistema, pirar de vez e mandar bala em quem pisasse no seu calcanhar, entre outros. Mas o que ele faz? O que ele faz? Ele enfia a cabeça no trabalho e marca colado no tráfico! Respira operações, treinamento, manipulações táticas...

Queria que assassinar meus bichos nas letras rendessem pelo menos um terço dessa contribuição social.

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